segunda-feira, 30 de julho de 2018

Jung e a astrologia


Jung e a astrologia
Por:
Carloz Maltz
Jung comparava a psique ao “reino dos céus que está dentro de nós” sobre o qual o Cristo falara, e dizia que a psicologia devia todo o respeito á sua “irmã mais velha”, a astrologia, por ser esta, a detentora de TODO o conhecimento psicológico da antiguidade. Conhecia e utilizava a simbologia astrológica á partir do principio da sincronicidade e da coincidência significativa no trabalho com seus pacientes, especialmente em casos que ele considerava mais misteriosos e obscuros. E teve uma filha que se tornou astróloga profissional.  Atualmente em todo o mundo, há um número crescente de psicoterapeutas que seguem pela trilha inaugurada por ele, interessados e treinados em astrologia. E um número também significativo de astrólogos estudando sua obra com seriedade.

A astrologia apresenta algo como um “arquétipo individual”, constelado “assim em cima como embaixo” no momento em que uma nova individualidade surge nesse mundo. Aquilo que ela poderá ser, se se tornar o que já é em potencialidade. O mapa astrológico do momento do nascimento de uma pessoa é como uma semente de carvalho. Não existe nenhuma garantia de que a semente vai se transformar num grande e frondoso carvalho, trazendo seus frutos e sementes para o mundo.  Mas é praticamente impossível que ele se torne um abacateiro. E o processo de tentar ser aquilo que não é, seja para atender expectativas alheias, ou as suas próprias fantasias narcísicas, pode ser perigosamente frustrante e fatal para esse pequeno pedaço do cosmo que é o indivíduo. Dizia o grande sábio suíço: “um tigre é um tigre, não queira transformá-lo em um animal vegetariano”.

O momento da primeira respiração é o grande símbolo do ato de individualização. O ser recém-nascido respira, e nesse respirar, o homem é o arquétipo símbolo do seu estado de criatura individualizada.

A astrologia foi, e pode ser hoje em dia, um sistema para tirar o indivíduo de seu isolamento e incorporá-lo no processo eterno.  O mapa de nascimento, considerado como um símbolo da participação fundamental do indivíduo no processo universal pode revelar aquilo que ele é por natureza, e consequentemente, aquilo que ele pode realizar se viver em concordância com essa “lei” do seu ser individual, pois ser humano é ser conscientemente completo; é ser um microcosmo, um ponto focal de importância e força dentro do vasto organismo do macrocosmo – o Todo Universal.

O pensamento astrológico é, como todo pensamento tradicional, um pensamento decorrente de um sistema coerente de símbolos que se articulam entre si. Para Jung, os deuses e os heróis da mitologia são “realidades da alma”. E o que é a astrologia senão uma tentativa de diálogo com nossos deuses interiores? E quem são Saturno, Mercúrio, Marte, Vênus, senão lampejos da nossa própria alma refletidos no grande espelho do céu?